Estamos a viver o verão de São Martinho.

Hoje, 11 de novembro, dia de São Martinho, para além das tradições (o magusto, o provar o vinho ...) há também o bom tempo: o Verão de S. Martinho.

Do blogue GEOGRAPHICAE, retirei o texto e a imagem que abaixo se pode ler:

" Como já todos devem ter reparado estamos, nesta altura do ano, a viver o Verão de São Martinho. A lenda é curiosa e tem um significado climático muito bem marcado.

Fala-se muito sobre o “aquecimento global” e sobre as alterações do clima e há a tendência dos meios de comunicação, e das pessoas em geral, em valorizar determinados acontecimentos meteorológicos, como estando enquadrados numa qualquer desgraça. Um destes exemplos mais típicos é o designado por Verão de São Martinho.

Então, surge logo uma questão? Será esta elevada insolação, acompanhada por temperaturas amenas, um sinal de alteração do clima com causas antrópicas? A minha resposta é não e passo a explicar porquê.

São Martinho viveu em plena Idade Média. Nasceu no ano 316 D.C. e foi no ano 337 D.C que se dá o episódio lendário em que São Martinho partilha a sua capa com um pobre mendigo.

A história foi mais ou menos esta e que vou descrever sumariamente.

Num dia de Outono tempestuoso o soldado S. Martinho deparou-se no seu caminho com um pobre mendigo quase nu, tremendo de frio. Ao ver esta situação S. Martinho não hesitou: pegou na sua capa, cortou-a ao meio e deu uma metade ao pobre mendigo.

Mal agasalhado e debaixo de uma chuva torrencial, S. Martinho prosseguiu o seu caminho feliz por ter ajudado alguém em dificuldade. Mas, de repente, a tempestade parou, o céu ficou sem núvens e parou de chover. O frio terminou. A lenda reza que terá sido Deus que ao ver a bondade de S. Martinho decidiu dar algum conforto à sua viagem melhorando o estado do tempo.

Esta lenda tem, de facto, uma tradução climática e meteorológica. Ou seja, a frequência de dias de sol em Novembro com temperaturas relativamente elevadas é um facto que tem elevada frequência e que tem tendência a repetir-se ao longo dos anos. A julgar pela altura em que S. Martinho viveu, já se verifica há alguns séculos e, que se saiba, na Baixa Idade Média, a capacidade que o homem tinha para alterar o clima era quase nula.

É pois normal que, em Novembro, um anticiclone se instale na Europa Ocidental (de lembrar que S. Martinho era Francês), como é o exemplo da figura em baixo e que representa a situação de 7 de Novembro.
 
A instalação deste anticiclones nesta altura do ano é um facto perfeitamente estudado e considerado normal. Pode originar temperaturas amenas e situações de alguma secura outononal.

Se é “normal”, então não há nada de extraordinário, sobretudo se há registo destas situações desde há vários séculos atrás, pelo menos desde a época em que S. Martinho viveu.

É típico dos climas mediterrâneos que o calor e a secura estivais se prolonguem pelo Outono, assim como o frio Invernal se prolongue pela Primavera.

O tempo relativamente quente e seco que temos experimentado neste Outono é, pois, normal e enquadra-se dentro da variabilidade natural do clima. Situações destas já se registaram no passado, mesmo em épocas onde o tema das alterações do clima nem seuqer era estudado.

No entanto, poderá haver uma tendência do agravamento destes fenómenos, ou seja, casos extremos cada vez mais intensos (ex. secas mais prolongadas, verões relativamente frescos, a par de Invernos extremamente chuvos ou extremamente secos)."

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