Quatro Dias, Quatro Poemas - Dia Dois

Fui desafiado no Facebook, pela Amiga Manuela Castro, professora bibliotecária no Agrupamento de Escolas Arga e Lima (Lanheses) a desafiar quatro Amigos e publicar quatro Poemas. Como o desafio me agradou ... este é o poema do Dia Dois!


Lágrima de preta



Encontrei uma preta

que estava a chorar,

pedi-lhe uma lágrima

para a analisar.



Recolhi a lágrima

com todo o cuidado

num tubo de ensaio

bem esterilizado.



Olhei-a de um lado,

do outro e de frente:

tinha um ar de gota

muito transparente.



Mandei vir os ácidos,

as bases e os sais,

as drogas usadas

em casos que tais.



Ensaiei a frio,

experimentei ao lume,

de todas as vezes

deu-me o que é costume:



Nem sinais de negro,

nem vestígios de ódio.

Água (quase tudo)

e cloreto de sódio.


António Gedeão, Máquina de Fogo, 1961
 
 Fonte da Imagem: http://www.cienciahoje.pt/files/47/47106.jpg

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