É amanhã, dia 25 de outubro, que entra em vigor a hora de inverno, a que alguns países (bastantes) aderem ... Assim, quando forem 2 horas da madrugada no Continente e Madeira, os relógios devem ser atrasados para a 1 hora. Porquê? O Jornal Público, na sua edição de ontem, dia 23, explica:
“A génese está relacionada com a poupança de energia, mas hoje já não
há grandes poupanças, trata-se de uma questão de comodidade”, afirma o
director do Observatório Astronómico de Lisboa (OAL), Rui Agostinho,
acrescentando que “as pessoas reajustam a sua actividade à hora do Sol
mesmo que o relógio marque uma hora diferente”. Ganha-se uma hora de
sono e diz-nos o director do OAL que o nosso corpo precisa de cerca de
um dia para se reajustar, mas “cada caso é um caso”.
Esta medida
surgiu “na altura da Primeira Guerra Mundial, numa época em que o
consumo energético teve de ser redireccionado para o consumo de guerra e
a população civil sentiu restrições no aquecimento e na iluminação”,
refere o director do OAL – Daylight Saving Time é o nome original
atribuído a esta mudança de horário. Entre as pessoas que sugeriram esta
mudança de horário estão Benjamin Franklin, nos EUA, William Willett,
no Reino Unido, e George Vernon, na Nova Zelândia. A medida era aplicada
de forma a poder poupar carvão, velas e ajustar os horários de forma a
conseguir obter mais luz solar e mais temperatura.
“É uma escolha
civil que a sociedade acha benéfica”, afirma Rui Agostinho, explicando
que antes da União Europeia cada país tinha autonomia para escolher se
mudava a hora e quando o fazia, o que gerava alguns problemas de
logística. Assim, criou-se uma legislação europeia, reavaliada de cinco
em cinco anos, de modo a “harmonizar” este problema, fazendo com que
todos os países sejam obrigados a mudar a sua hora “no mesmo dia e no
mesmo instante”. Na Europa só a Arménia, a Bielorrússia, a Geórgia e a
Rússia não alteram a sua hora.
A não ser por “questões emocionais
britânicas”, brinca Rui Agostinho, a GMT (tempo médio de Greenwich) já
não existe. O fuso de horário de referência é o UTC – o tempo universal
coordenado – que corresponde à hora atómica, isto é, à média dos
relógios atómicos. Apesar de a hora mudar em certos países, a hora UTC
mantém o seu batimento constante, ao contrário “da hora local civil que
parte de questões políticas”, diz Rui Agostinho.
O meridiano de
Greenwich – uma linha imaginária vertical que se estende de um pólo ao
outro do planeta – é, por convenção, aquele em que a longitude
corresponde a zero, dividindo o globo terrestre em oriente e ocidente.
Esta escolha esteve relacionada com o “maior tráfego de mercadorias em
Inglaterra na altura [1884] e à utilização dos almanaques náuticos do
Observatório Real de Greenwich”, refere Rui Agostinho. Observa que,
apesar de se ter deixado de usar a GMT e passado a usar a hora atómica, o
meridiano de referência continuou a ser o mesmo.
São mais os
países que não alteram a sua hora do que aqueles que o fazem. O director
do OAL refere que o “ajustamento é mais sentido de acordo com a
latitude em que se está”, razão pela qual nas bandas equatoriais não
existe diferença na mudança de horário.
A próxima mudança de horário será feita daqui a cinco meses, no último domingo de Março de 2016, dia 27.
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