Rir faz bem ..

Recebi por e-mail, enviado por uma Colega e Amiga. Mais um texto do Ricardo Araújo Pereira, o tal, que usou uma entrada deste blogue, para fazer uma brincadeira nas manhãs da Comercial ... A crónica abaixo é de 2008 (portanto já velhota, mas ...)



IKEA ou IKEIA?
Crónica de Ricardo de Araújo Pereira!


Não digo que os móveis do IKEA não sejam baratos. O que digo é que não são móveis. Na altura em que os compramos, são um puzzle. A questão, portanto, é saber se o IKEA vende móveis baratos ou puzzles caros. Os problemas dos clientes do IKEA começam no nome da loja.

Diz-se «Iqueia» ou «I quê à»? E é «o» IKEA ou «a» IKEA»?

São ambiguidades que me deixam indisposto. Não saber a pronúncia correcta do nome da loja em que me encontro inquieta-me. E desconhecer o género a que pertence gera em mim uma insegurança que me inferiorizaperante os funcionários. Receio que eles percebam, pelo meu comportamento, que julgo estar no «I quê à», quando, para eles, é evidente que estou na «Iqueia».

As dificuldades, porém, não são apenas semânticas mas também conceptuais.

Toda a gente está convencida de que o IKEA vende móveis baratos, o que não é exactamente verdadeiro. O IKEA vende pilhas de tábuas e molhos de parafusos que, se tudo correr bem e Deus ajudar, depois de algum esforço hão-de transformar-se em móveis baratos. É uma espécie de Lego para adultos.

Há dias, comprei no IKEA um móvel chamado Besta. Achei que combinava bem com a minha personalidade. Todo o material de que eu precisava e que tinha de levar até à caixa de pagamento pesava seiscentos quilos.

Percebi melhor o nome do móvel. É preciso vir ao IKEA com uma besta de carga para carregar a tralha toda até à registadora.

Este é um dos meus conselhos aos clientes do IKEA: não vá para lá sem duas ou três mulas. Eu alombei com a meia tonelada.

O que poupei nos móveis, gastei no ortopedista. Neste momento, tenho doze estantes e três hérnias. É claro que há aspectos positivos: as tábuas já vêm cortadas, o que é melhor do que nada. O IKEA não obriga os clientes a irem para a floresta cortar as árvores, embora por vezes se sinta que não faltará muito para que isso aconteça. Num futuro próximo, é possível que, ao comprar um móvel, o cliente receba um machado, um serrote e um mapa de determinado bosque na Suécia onde o IKEA tem dois ou três carvalhos debaixo de olho que considera terem potencial para se transformarem numa mesa-de-cabeceira engraçada.

Por outro lado, há problemas de solução difícil. Os móveis que comprei chegaram a casa em duas vezes.

A equipa que trouxe a primeira parte já não estava lá para montar a segunda, e a equipa que trouxe a segunda recusou-se a mexer no trabalho que tinha sido iniciado pela primeira.

Resultado: o cliente pagou dois transportes e duas montagens e ficou com um móvel incompleto. Se fosse um cliente qualquer, eu não me importaria. Mas como sou eu, aborrece-me um bocadinho. Numa loja que vende tudo às peças (que, por acaso, até encaixam bem mas nas outras) acaba por ser irónico que o serviço de transporte não encaixe bem no serviço de montagem. Idiossincrasias do comércio moderno. Que fazer, então? Cada cliente terá o seu modo de reagir. O meu é este: para a próxima, pago com um cheque todo cortado aos bocadinhos e junto um rolo de fita gomada e um livro de instruções. Entrego metade dos confetti num dia e a outra metade no outro.

E os suecos que montem tudo, se quiserem receber.

E já agora sobre o IKEA:

Uma senhora vai ao Ikea comprar um armário novo. Para que lhe saia mais barato, compra um em kit. Ao chegar a casa, monta-o e fica perfeito.

Nesse momento passa o comboio (ela mora junto à estação de comboios) e o armário desmonta-se todo.

Monta novamente o armário. E este volta a cair com o passar do comboio. À terceira tentativa falhada, telefona para a Ikea e exige a presença de um técnico.

O técnico chega, monta o armário e, quando passa o comboio, desmonta-se todo. O técnico monta novamente o armário, passa outro comboio e, armário novamente desmontado. Então, o técnico tem uma brilhante ideia:

Escute, minha senhora, eu vou montar novamente o armário, meto-me lá dentro e espero que passe o comboio para ver porque é que o armário se estás desmontar. E assim fez.

Nisto o marido entra no quarto e diz:

- Querida, que armário tão bonito! - e abre a porta. Ao ver o técnico da Ikea pergunta:

- O que é que você faz aí?

Este responde:

- Estou quase tentado a dizer-lhe que vim comer a sua mulher. Porque, se lhe digo que estou à espera do comboio, não vai acreditar.



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